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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Trem

Na Nova Friburgo de minha infância, o trem era a alma, o horário, a maior personalidade da cidade. Tudo parava para ver e escutar. E ele desfilava pela avenida e por sobre a calçada da praça, lento, majestoso, como uma escola de samba completa, chamando aplausos e brilhos dos olhares infantis, meus e outros. O trem não passa mais. Passava para Bandeira, Villa Lobos, Goulart, Milton Nascimento.
Ao trem e àqueles que paravam para vê-lo passar.

Todo dia de manhã
café com pão,
café com pão,
café com pão,
café com pão.
Que trem é esse?
Pra onde vai
tão pontual, tão sempre igual?
Sem cancela que atrapalhe,
sem saudade que acelere
ou tristeza que lhe pare?
Da montanha, vai pro mar,
sobe serra, desce serra,
vê passar moça bonita,
o sol subir, o sol descer,
pára nunca pra pensar,
pra sentir ou para amar.
Só existe pra chegar.
E tá chegando,
vem chegando,
e chegando,
chegando,
ando,
dó.
Ufa... Parou.
Olha pra trás.
Todo mundo já desceu.
Volta? Não tem.
Trilho? Mais não tem.
Só silêncio...
Só silêncio...
Só silêncio...

Um comentário:

  1. Ô, trem bão! Excelente... principalmente a sacada do "café com pão". E você percebeu o efeito gráfico do texto digitado? Olhe de lado...
    Parábens mais uma vez!

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