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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Empresários e políticos: uma relação financeira

Na esteira da onda de manifestações, há uma semana houve, no bairro de São Francisco onde moro em Niterói, uma convocação para uma manifestação. Seria para a discussão de problemas específicos da localidade. Movimentos assim já acontecerem diversas vezes por aqui e têm obtido resultados práticos. Por exemplo, quando da implantação das UPPs no Rio, houve migração de bandidos para Niterói e São Gonçalo e, como consequência, os índices de criminalidade em nosso bairro haviam subido muito; assaltos a mão armada e roubo a residências tornaram-se comuns, gerando um clima de insegurança entre os moradores de um bairro até então tranquilo. Convocaram-se manifestações, que aconteceram aos domingos de manhã na esquina mais movimentada daqui, e onde todos tinham acesso ao microfone para expor sua visão dos problemas e propor soluções, que foram depois encaminhadas ao comandante do batalhão da PM da cidade. Vem dando certo. O policiamento foi reforçado, viaturas passaram a fazer rondas ostensivas dia e noite e a coisa melhorou sensivelmente.

Na mais recente manifestação, os problemas eram outros. Isoladamente, pareciam não ser grande coisa, mas o todo apontava para um vício grave, que pode ser facilmente transposto para compreender-se o que ocorre no âmbito nacional. Quais eram esses problemas?

1-    A Prefeitura, ou talvez devêssemos dizer o prefeito, tinha acabado de autorizar uma empresa privada, a Niterói Park, a explorar a cobrança de estacionamento no bairro, inclusive na Avenida Rui Barbosa, rua onde se concentra o comércio do bairro, onde estão a padaria, as farmácias, a loja de ferragem e os pequenos supermercados onde os moradores locais se abastecem. Curioso é que o atual prefeito, Rodrigo Neves, antes de assumir havia se posicionado contra a ampliação do estacionamento pago para o bairro (veja aqui http://www.ofluminense.com.br/editorias/cidades/rodrigo-neves-vai-vetar-reajuste-de-rotativo). Mudou de ideia por que?

2-    Na encosta do Parque da Cidade, a área de proteção ambiental que é um dos limites do bairro, começaram obras de um pequeno condomínio de luxo, com abertura de uma rua onde deverão ser construídas algumas residências de alto padrão.

3-    Empresários da construção civil vêm adquirindo casas no miolo do bairro e pondo-as abaixo, preparando-se para a construção de prédios de apartamentos. O que não seria problema, não fosse o fato de que o gabarito local limita a altura dos imóveis a, no máximo, dois andares. Já ocorreu uma intervenção do Ministério Público para interromper obras já iniciadas da construção de um prédio na Rua Coronel João Brandão.

Todas estas ocorrências, que contrariam os interesses dos moradores do bairro, sugerem uma coisa gravíssima: a concessão de benefícios e afrouxamento de regras para empresários que financiaram as campanhas do atual prefeito e alguns vereadores, ou então corrupção direta e simples. A prostituição entre o poder público e o empresariado. Dane-se o povo. Estes fatos dão munição à ideia do voto distrital e da candidatura independente.

Conto essa história para ajudar no entendimento de como funcionam as coisas, começando nos bairros, nos municípios, chegando aos estados e à República. Nojento.

Por aqui, já fizemos passeatas, um abaixo assinado e estamos aguardando o desenrolar dos fatos para novas manifestações.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente....
    A rua, no bairro,no município são os locais onde deveriam ser expressas as aspirações e, não num distante comando geral ,perdido num planalto distante.
    Numa eleição para deputado estadual, por exemplo, o voto de Parati e de Itaperuna podem eleger um mesmo representante...Qual dois dois municípios pode cobrar dele as promessas?

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