Na esteira da onda de
manifestações, há uma semana houve, no bairro de São Francisco onde moro em
Niterói, uma convocação para uma manifestação. Seria para a discussão de problemas específicos da localidade. Movimentos assim já
acontecerem diversas vezes por aqui e têm obtido resultados práticos. Por
exemplo, quando da implantação das UPPs no Rio, houve migração de bandidos para
Niterói e São Gonçalo e, como consequência, os índices de criminalidade em
nosso bairro haviam subido muito; assaltos a mão armada e roubo a residências
tornaram-se comuns, gerando um clima de insegurança entre os moradores de um
bairro até então tranquilo. Convocaram-se manifestações, que aconteceram aos
domingos de manhã na esquina mais movimentada daqui, e onde todos tinham acesso
ao microfone para expor sua visão dos problemas e propor soluções, que foram depois encaminhadas ao comandante do batalhão da PM da cidade. Vem dando certo. O
policiamento foi reforçado, viaturas passaram a fazer rondas ostensivas dia e
noite e a coisa melhorou sensivelmente.
Na mais recente manifestação, os
problemas eram outros. Isoladamente, pareciam não ser grande coisa, mas o todo
apontava para um vício grave, que pode ser facilmente transposto para
compreender-se o que ocorre no âmbito nacional. Quais eram esses problemas?
1-
A Prefeitura, ou talvez devêssemos dizer o prefeito,
tinha acabado de autorizar uma empresa privada, a Niterói Park, a explorar a
cobrança de estacionamento no bairro, inclusive na Avenida Rui Barbosa, rua
onde se concentra o comércio do bairro, onde estão a padaria, as farmácias, a
loja de ferragem e os pequenos supermercados onde os moradores locais se
abastecem. Curioso é que o atual prefeito, Rodrigo Neves, antes de assumir
havia se posicionado contra a ampliação do estacionamento pago para o bairro
(veja aqui http://www.ofluminense.com.br/editorias/cidades/rodrigo-neves-vai-vetar-reajuste-de-rotativo).
Mudou de ideia por que?
2-
Na encosta do Parque da Cidade, a área de
proteção ambiental que é um dos limites do bairro, começaram obras de um
pequeno condomínio de luxo, com abertura de uma rua onde deverão ser
construídas algumas residências de alto padrão.
3-
Empresários da construção civil vêm adquirindo casas
no miolo do bairro e pondo-as abaixo, preparando-se para a construção de
prédios de apartamentos. O que não seria problema, não fosse o fato de que o
gabarito local limita a altura dos imóveis a, no máximo, dois andares. Já ocorreu
uma intervenção do Ministério Público para interromper obras já iniciadas da
construção de um prédio na Rua Coronel João Brandão.
Todas estas ocorrências, que
contrariam os interesses dos moradores do bairro, sugerem uma coisa gravíssima:
a concessão de benefícios e afrouxamento de regras para empresários que
financiaram as campanhas do atual prefeito e alguns vereadores, ou então
corrupção direta e simples. A prostituição entre o poder público e o empresariado.
Dane-se o povo. Estes fatos dão munição à ideia do voto distrital e da candidatura independente.
Conto essa história para ajudar
no entendimento de como funcionam as coisas, começando nos bairros, nos
municípios, chegando aos estados e à República. Nojento.
Por aqui, já fizemos passeatas,
um abaixo assinado e estamos aguardando o desenrolar dos fatos para novas
manifestações.
Concordo plenamente....
ResponderExcluirA rua, no bairro,no município são os locais onde deveriam ser expressas as aspirações e, não num distante comando geral ,perdido num planalto distante.
Numa eleição para deputado estadual, por exemplo, o voto de Parati e de Itaperuna podem eleger um mesmo representante...Qual dois dois municípios pode cobrar dele as promessas?