A necessidade de se expressar através da arte é universal e tão antiga quanto a espécie humana. |
Uma vez perguntei a um colega
médico qual era seu hobby. “Como assim, hobby?”, ele estranhou a pergunta. “Aquilo
que você gosta de fazer quando não tem nenhuma coisa que precise ser feita.” “Ah, sim! Eu gosto de ler jornal.” Como assim???
Para mim é difícil conceber que alguém
viva uma vida inteira sem tentar se expressar artisticamente de alguma forma. Que
dedique seu tempo livre apenas a dormir, beber cerveja, perambular pela
internet ou ver TV. O mundo com toda a sua beleza e complexidade e os homens e
mulheres, com suas grandezas, misérias e angústias, das quais compartilhamos
todos, me são impactantes demais para que eu não me deixe arrastar e me
assombrar a cada dia, a cada palavra, a cada paisagem. Daí, a necessidade de
tentar de alguma forma expressar como a vida me afeta, como eu a percebo e
sinto. É uma urgência tão básica quanto a respiração. Então eu flerto com a
fotografia, com a pintura e com a literatura, tanto consumindo e admirando o
fazer dos artistas de verdade como me arriscando nessas formas de expressão. Sem
isso, me deprimo.
Cada um de nós tem uma visão da
vida de um ângulo peculiar, e podemos mostrar ao mundo essa visão original. Nós
nem ninguém tem a visão completa e definitiva, e ver pela experiência do outro
enriquece a compreensão da existência.
Agora estou fascinado pela
fotografia, em especial pela foto de aves, paixão da vez despertada pela enorme
variedade de pássaros que aparecem em nosso sítio na serra. A maior parte deles
era desconhecida para mim. Comecei então a fotografá-los e a tentar saber quais
eram. Na sequência natural, descobri que tem muita gente que também curte reconhecer,
fotografar e gravar o canto de pássaros. Ponto de partida para novas amizades,
o efeito colateral saudável de todos os hobbies.
“Ah”, dirão, “mas eu não tenho
talento artístico.” Todo mundo (ou quase?) tem uma habilidade, um interesse, uma
coisa à qual gostaria de se dedicar se tivesse tempo. E tempo é questão de
prioridade. Pode ser culinária, pesquisa histórica, literatura, um esporte qualquer,
desde alpinismo até xadrez, bordado, carpintaria jardinagem ou astronomia. Algo
a que se possa dedicar pelo puro prazer da coisa, sem expectativa de ganho
financeiro e independente de reconhecimento. Sugiro que todos encontrem um
interesse e dediquem-se a ele. Deixe sua marca, diga como você vê a vida. É uma
forma de não morrer.
Amigo Ralph,
ResponderExcluirconcordo plenamente com você.
Talvez, por ter feito algumas pequenas descobertas, nessa busca de novos interesses, não sinto que a idade esteja chegando de forma tão carrasca. É fundamental reservar esse espaço para que tenhamos uma vida mental e interior saudável. Para mim não poderia ser diferente, há momentos que preciso me ilhar para ver melhor.
Parabéns mais uma vez.
Abraços,
Rosário
Vou sentir muita falta do nosso grupo e das nossas conversas!!!!! E que venha a fotografia, e depois novamente a aquarela, a arte é isso novas descobertas e redescobertas!!!!!
ResponderExcluirQue a aquarela dê mais um espacinho para a volta à literatura também... ;-)
ResponderExcluirÓtimo texto, já tem destinatári(o)(a)(s) cert(o)(a)(s)!